terça-feira, 5 de agosto de 2014


Gardions - Capítulo 1 - The lost book 

 Havia um certo tempo desde de que eu havia achado o livro de conteúdo suspeito e inacreditável, de início imaginei que fosse uma espécie de brincadeira de alguns dos meus irmãos, eles gostavam de me deixar perturbado, depois de ler o livro todo eu ainda não conseguia acreditar na veracidade de seu conteúdo, não fazia sentido para mim que essas coisas um dia venham a acontecer.
  Baguncei meu cabelo e abri o livro novamente. Eu não estava cansado de ler e reler a história sempre buscando coisas que se encaixassem na minha realidade atual e o mais surpreendente de tudo é que alguma das coisas que cintadas no livro já acontecerão, pode ser uma mera coincidência, mas isso me deixa perturbado, afinal se tudo aquilo for verdade eu teria muita coisa pelo o que lutar, muito o que fazer.
  Suspirei e voltei a me concentrar naquilo que tanto me intrigava.

    "O orfanato estava silencioso durante aquela madrugada, todas as luzes da enorme casa estavam apagadas, com exceção de uma. Laryssa se encontrava mais uma vez acordada, olhando o teto fixamente, gravando em sua memória cada detalhe da tinta branca que já estava descascando no local.
     Era comum que Laryssa passasse a madrugada acordada, desde dos sete anos ela costumava acordar devido ao mesmo sonho. A loira fechou os olhos repassando-o em sua mente mais uma vez.

     'A criança corria feliz pelo enorme jardim real perseguindo as borboletas que tanto gostava, a rainha observava a filha com um sorriso enorme e os olhos cheios de lágrimas. -Laryssa, cuidado para não sujar o vestido filha. -Disse a rainha se ajoelhando em frente a criança loirinha que sorria sapeca. -Desculpe, mamãe. -Falou a menina de forma infantil. A rainha sorriu melancólica. -Tudo bem, vamos tomar um banho, sua carruagem sai em 30 minutos. -Informou pegando a mão da criança e andando rumo aos seus aposentos. Aquela seria a ultima vez que mãe e filha teriam um momento agradável juntas, era um fato e todos estavam conscientes disso, menos a criança que sorria largamente imaginando ser uma das viagens divertidas a qual fazia na companhia de seus pais, porém a viagem estava longe de ser divertida e desta vez ela não teria a companhia e muito menos a proteção dos pais.'  Para outra pessoa aquilo não passaria de um sonho, mas Laryssa gostava de pensar que era algo muito próximo a um estranho presságio de sua infância, segundo o que a Freira Dominique havia a contado, a menina apareceu do nada na porta do orfanato quando tinha seis anos, depois que as freiras cuidaram da mesma, dando roupa e comida ela simplesmente desmaiou e ao acordar não se lembrava de nada anterior ao acontecimento.  Dominique havia dito que antes de desmaiar a criança falava coisas perturbadoras, sobre homens malvados a perseguindo, reis e rainhas, uma cidade pegando fogo e uma guerra. O médico que a examinou concluiu que aquilo havia sido alguma alucinação da cabeça de Laryssa ou apenas sua imaginação fértil de criança agindo.  Desde de então ela tinha esse sonho, um dia ao contar seu sonho para Crawford, seu amigo, ele deu a sugestão de que aquele sonho poderia ser uma lembrança vaga de sua infância, mas ela sabia que era impossível, nada daquilo fazia sentido levando em conta a realidade.  Passaram-se mais algumas horas até que a garota tomou coragem para se levantar, tomou banho e se vestiu mais arrumada do que o normal. Hoje seria mais um dia de visitas de seu futuro pai adotivo e mesmo sabendo que em uma semana ela já estaria morando com ele, Laryssa continuava querendo o impressionar, afinal, era comum que as pessoas acabassem desistindo de adotar, isso já havia acontecido com ela diversas vezes. 


 Se olhando no espelho por uma última vez, Laryssa saiu do quarto e se encaminhou para o refeitório.                                                                      [....]   


  Como todos os dias , o melhor amigo de Laryssa, Crawford, se encontrava sentado em uma mesa no fundo do refeitório ao lado de uma enorme janela que dava uma visão privilegiada para o enorme jardim da propriedade.  
   -Bom dia, Crawford. -Fala Chris, seu irmão, se sentando ao lado dele e acenando sorridente para Laryssa que se encaminhava até eles. Crawford abriu um sorriso largo para a garota, o que era uma raridade acontecer, o garoto costumava ser muito mal humorado durante o período da manhã. 
   -Bom dia, Crawfish. -Cumprimentou Laryssa beijando a bochecha do mesmo e em seguida a de Chris. -Bom dia, Chris.
   -Você vai receber visitas hoje ou por algum milagre divino decidiu pentear o cabelo? -Crawford riu. Ele gostava de irritar ela, o que nunca acontecia já que Laryssa sempre achava engraçado e ria. 
   -Que engraçado você, hein? Não tenho culpa de ter preguiça até de respirar de manhã. -Ela riu. -Mas é, ele vem me visitar hoje. Na verdade ele vai vim me visitar durante toda semana, acho que é para que eu me acostume melhor, já que irei morar com eles semana que vem. 

  -Você tem mesmo de ir? -Perguntou Chris fazendo um biquinho. 
  -Você fazer falta, Lalys. -Completou o irmão abraçando ela de lado. 
  -Ain deixem de draminha, eu vou visitar vocês sempre que puder. -Retrucou Laryssa sorrindo fracamente, se sentindo um pouco triste.  

-Acho bom mesmo do contrário eu fugirei daqui só para brigar com você. -Ameça Crawford em uma fracassa tentativa de ser ameaçador. Chris riu. 
 -É uma boa ideia, até por que ela nem iria amar. -Chris fala olhando para Lalys de canto de olho e observa a menina corar. Ele gostava de dar pequenas indiretas para Crawford sobre os sentimentos da amiga, em uma tentativa falha de tentar dá um pequeno empurrão no "casal". Crawfrod com seus meros 14 anos se dizia apaixonado pela a amiga, mas tinha muita vergonha de admitir juntamente com o medo do que os seus amigos iriam pensar, somente Chris tinha conhecimento dos reais sentimentos do irmão, assim como tinha dos de Laryssa. -Não é, Lalys? 
 -Claro que eu iria adorar receber a visita de um dos meus amigos. -Fala Laryssa colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.  
 -Aham, mais feliz ainda por ser uma amigo tão importante quanto o Crawford. 
 -Er.. Como todos os outros. Acho melhor eu ir indo, ele já deve ter chegado. -Laryssa se levanta nervosa e sai totalmente apressada se sentindo envergonhada com a situação.
  -Por que ela saiu assim? Ela nem tomou o café da manhã! -Pergunta Crawford ao irmão, que rir internamente da lerdeza do outro. 
  -Nada ué, só estávamos conversando, ela deveria estar apressada... -Chris sorri e se levanta para fazer o prato de seu café da manhã, deixando um Crawford apaixonado e confuso.                                                                           [....]  
  James observava entediado as enormes arvores que haviam naquele jardim e as crianças que corriam por ali brincando de alguma coisa a qual ele não tinha conhecimento ou se sentia interessado em saber. Esse era o grande problema das visitas, James sempre chegava duas horas antes do horário marcado para se certificar de que não havia nem um perigo eminente -o que nunca tinha- e sempre acabava esperando Laryssa durante horas.
  -Oi. -Cumprimenta Laryssa timidamente. -Estava procurando alguma coisa? 
  -Não, não, apenas olhando a paisagem, vocês tem uma jardim muito bonito. -James sorri. A menina  retribui o gesto sentando ao lado dele.
  -Como está? 
  -Bem. -Era incrível como Laryssa se tornava monossilábica perto dele, James consegui compreender, deveria ser estranho ou até vergonhoso ser obrigada a falar e conviver com um estranho todos os dias e depois morar com ele.  Em seus 14 anos de juramento, James nunca havia imaginado fazer metade destas coisas, ao recitar aquele juramente ele tinha plena consciência de que teria de protegê-la e de que estaria parado no tempo até o dia em que ela estivesse em completa segurança -aquela guerra havia trazido diversos perigos para a princesa- , mas ele nunca imaginou que estaria em meio aos simplórios mortais na Terra e que teria de adota-la. Comparando tudo isso a sua antiga realidade, era tudo muito surreal, como se fosse uma outra vida.  Cortando o silêncio constrangedor que havia se instalado James fez menção de se pronunciar:  
  -A irmã Dominique me deu permissão para te levar para sair, você irá me ajudar na escolha dos móveis e da decoração de seu quarto. -James pode perceber os olhos dela brilhar. Laryssa nem ao menos se lembrava da ultima vez em que havia saído do orfanato e viu o mundo pela ultima vez. -E depois podemos sair para almoçar e tomar um sorvete. O que você quiser fazer na verdade, contanto que voltemos antes das 17 horas. 
   -V-vai ser..  ótimo! -Gaguejou. Quando Laryssa ficava envergonhada, nervosa ou feliz, ela costumava gaguejar, no momento ela estava muito das três coisas. James sorriu e a puxou pela mão andando em direção aos limites do orfanato.                                                                                                                                            [....]  
Crawford estava esperando Laryssa no Roodson, um esconderijo estranho com um nome estranho que eles haviam dado ao o descobrir. O garoto estava meio depressivo desde de que a amiga havia saído com o tal do James, nem jogar Hockey com seus amigos ele quis, mesmo ela tendo saído apenas por 12 horas e sim ele estava contando.  Ao ouvir a porta batendo ele se levantou rapidamente e abriu um sorriso largo ao ver a menina, a mesma estava segurando diversas sacolas e em seu rosto havia um sorriso lindo que fez o estômago do garoto revirar. 
   -Como foi sair dessa prisão? -O sorriso dela aumentou, Laryssa largou as sacolas no chão e se jogou em um poof ao lado do de Crawford animada.  
  -Foi perfeito! Ele é tipo MUITO legal. Primeiro fomos ver a casa que vamos morar e ele me deixou escolher o meu próprio quarto, e você TEM que ver Crawf, é enorme! Dá quatro desses quartos daqui dentro dele. Ah e depois fomos comprar os móveis que ele também me deixou escolher, depois que compramos tudo ele me levou para almoçar e em seguida fomos nesses lojas chiques para comprar roupas. -Diz Laryssa completamente feliz e aponta para as sacolas no chão. -Eu não vejo a hora de morar com ele. 
  Crawford sentia como se alguém estivesse dando diversos socos em seu estomago, apesar de se sentir aliviado por ela está feliz, ao mesmo tempo ele se sentia mal por saber que ela iria embora, no fundo ele esperava que ela odiasse o cara e acabasse fazendo ele desistir de adota-la, era egoísta pensar dessa forma, mas Crawford era extremamente dependente de Laryssa e estava apaixonado demais para deixa-la ir, afinal ela o conhecia desde dos 8 anos, ela não podia ir embora, ela seria realmente capaz de o deixar?  Sem nem perceber Crawford já estava chorando, Laryssa o olhou sem entender o por que daquela ação. 
  -Crawf? O que houve? -Ela o abraçou e ele chorou com mais força.
  -Por favor, por favor, por favor, não vai embora. -Ele a apertou com mais força e deixou um soluço fraco escapar. Laryssa puxou o rosto do garoto, o fazendo encara-la.
 -Hey, eu não vou te deixar. -Ela enxuga as lagrimas do menino e sorri. -Eu já te disse que v... -Laryssa se interrompe ao perceber a forma na qual ele a encarava, os olhos castanhos mel a olhavam de forma intensa porém doce, Crawford não conseguia absorver nada do que ela dizia, só podia pensar no fato de que ela estava muito perto e no quando ele a achava linda.
  -Crawf, você está me ouvindo? Ele negou com a cabeça e colocou as mãos na cintura dela a puxando ainda para mais parte, Laryssa o olhou confusa e querendo rir.  -O que você 'ta fazendo? -Ela solta uma risadinha. Ele não respondeu, apenas colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha e mordeu o lábio nervoso. Laryssa corou ao se dar conta do que ele estava prestes a fazer, mas não faria nada para o impedir, ela queria isso mais do que tudo. Sem dizer uma única palavra, ele a beijou. Um beijo inocente, apaixonado e um tanto desajeitado. Era o primeiro beijo deles e nenhum dos dois sabia exatamente o que fazer, mas ainda assim o beijo fluiu da melhor forma possível.


  Atrás da porta, Chris observava tudo completamente feliz ao perceber que os dois haviam se acertado, agora tudo daria certo e eles iriam ficar completamente felizes, era o que ele achava, mas o garoto estava engando, afinal, como diria Murphy "tudo que tende a dar errado, vai dar errado", não seria muito diferente com os dois. 

                                                             [....]

                                               1 semana depois 

  Laryssa costumava odiar dias de Segunda-Feira, mas esta era uma exceção, finalmente havia chegado o dia em que ela iria morar com James e finalmente ter a vida de uma adolescente normal, nunca na vida Laryssa havia ficar tão animada para algo. 
 A menina cantarolava uma música enquanto terminava de arrumar sua mala, como sempre ela havia deixado tudo para ultima hora, mas no fundo ela queria atrasar o máximo possível para ter mais um tempo com seus amigos, ela havia passado a semana inteira com Chris, Laryssa e Crawford não estavam se falando muito desde do ocorrido, ela imaginava que depois daquilo eles poderiam ter algo mais sério, até namorar talvez, mas parecia que Crawford não pensava da mesma forma, já que ele a evitou todos os dias falando com ela apenas durante as refeições, o que a deixou realmente triste, afinal, não era segredo para ninguém que Laryssa era completamente apaixonada pelo o amigo, mas no fim ele não sentia o mesmo. Pelo menos era o que ela imaginava. 
 Depois de arrumar a mala e se despedir das Freiras e de algumas colegas que ela tinha ali, Laryssa se encaminhou para o local onde ela havia marcado de se encontrar com o Chris e o Crawford, um banquinho de mármore no centro do jardim. Laryssa franziu o cenho ao perceber que não havia ninguém ali, teriam eles esquecidos que hoje era o dia que ela iria embora?
 Suas dúvidas se dissiparam assim que ela sentiu duas mãos firmes tampando seus olhos, ela sorriu, deveria ser o Crawford. 
 -Crawf? -Perguntou forma quase inocente. Ninguém responde, então ela concluiu de que era o Chris. Só poderia ser ele. -Chris!
 -Eu mesmo, baixinha. -Ele destampou os olhos dele e sorriu largamente, mesmo não estando com vontade de o fazer, Chris estava deprimido por que a amiga ia embora e um pouco tenso por causa de Crawford. 
 Ela olhou para Chris sorridente, mas logo desfez o sorriso ao perceber a falta do amigo. 
 -Cadê ele, Chris? -Perguntou meio desconfiada. Ele tinha de vim. E
 -Ele não vem, Lalys. -Diz Chris olhando para os próprios pés, meio sem saber o que fazer. Laryssa piscou várias vezes tentando assimilar a informação, como assim ele não iria vir se despedir? Ele havia se arrependido tanto do beijo a esse ponto? Ela pode sentir seus olhos enchendo de lágrimas, mas as segurou, de jeito nenhum iria chorar na frente de alguém. 
 -Ah, okay então. -Falou tentando mostrar indiferença, mas por dentro tudo o que ela sentia era uma certa tristeza sem igual, seria o tão famoso coração partido? Que clichê. Laryssa amava clichês. 
 Chris olhou para ela com pena, mas não disse nada, apenas se sentou no banco e a puxou para sentar ao lado dele. Os dois ficaram ali por algumas horas, apenas conversando, aquela definitivamente era uma longa despedida, enquanto esperavam James vim busca-la, os dois faziam diversos planos, sobre como Chris fugiria para visita-la e os dias da semana em que ela veria vê-lo, sobre como seria os dois morando juntos com um grupo de amigos na faculdade, entre outras diversas coisas que apenas melhores amigos entendem. 
 Mesmo sentindo a falta de Crawford, Laryssa estava se divertindo, ficar um tempo com Chris sempre era bom. Um certo tempo depois James chegou para busca-la e aí a verdadeira despedida começou, Chris cumprimentou James rapidamente e puxou Laryssa para um abraço apertado e sufocante que ela simplesmente amou. 


  -Se cuida, ta Lalys? Não faça besteira. Se comporte. -Ele apertou ela e beijou a testa da mesma. Ela soltou uma risadinha. 

 -Digo o mesmo para você, Chris. Se cuide e não faça besteiras. Ah e.. diga para o Crawford que eu vou sentir a falta dele.. Não só a dele, a sua também. -Ela sorriu fracamente e beijou a bochecha dele. 


 -Eu vou dizer. -Ele sorriu e ela se soltou do abraço entrando no carro. -Tchau. -Ele acenou para ela tentando se demonstrar o mais relaxado possível, ele não queria que ela fosse embora preocupada por ele está chorando como uma criancinha de dois anos ou algo do gênero. 
 Ela acenou de dentro do carro para ele e James fez o mesmo. Chris assistiu a amiga ir embora, ficou ali parado observando até o carro sair de vista, mas ele não foi o único observando isso, em cima de uma pequena colina, atrás de uma árvore, estava Crawford, olhando tudo desde do momento em que eles haviam chegado ali, o garoto não havia arrumado coragem o suficiente para se despedir e agora uma das melhores pessoas que ele já conheceu havia ido embora, sem que ele pudesse se despedir e nada para ele no momento poderia ser pior. 

                                                             [...]

                                                   4 anos depois        

        Mais  uma vez os amigos se preparavam para uma longa e divertida sessão de filmes no Netflix, era algo praticamente do cotidiano deles, Chris sempre questionou o fato de Laryssa e Crawford, insistirem em assistir filmes em um site por assinatura, qual era o sentido ter que pagar para assistir quando poderiam assistir em outros sites de graça? A resposta era sempre a mesma.  
 -Por que no Netflix tem mais graça. -Responderam em uníssono. Chris fez uma careta. 
 -Isso é desperdício de dinheiro. 
 -Nah, isso é estilo de vida americano, baby. -Retruca Crawford. 
 -Estamos no Canadá. -Completa Laryssa. -Mas mesmo assim prefiro o Netflix, por que é de qualidade. 
 -Ta,ta, eu vou fazer pipoca. -Diz Chris contrariado indo para a cozinha.           Era estranho de imaginar como as coisas mudaram nesses quatro anos, no primeiro mês de Laryssa na nova casa, somente Chris vinha visita-la escondido, no segundo mês, quando ela já havia perdido as esperanças de ver Crawford novamente, ele finalmente veio vê-la junto com o irmão, de início ela se negou a falar com ele, mas isso só durou uns cinco minutos até ele mostrar o urso enorme - que era mais ou menos de sua altura - que ele havia comprado para ela, um pedido de desculpas desses ela não poderia recusar. As coisas foram se ajeitando aos poucos e no fim eles acabaram como antes, grandes amigos, mas nunca eles falaram do beijo, era como se não houvesse ocorrido e no fim foi melhor para ambos assim. 
 -No que está pesando? -Pergunta Crawford se deitando no colo dela e fazendo aquela típica cara que ele fazia quando queria que ela fizesse carinho no cabelo dele. 
 -Deixa de ser folgado. -Ela deu um tapa leve na cabeça dele e o mesmo riu. 
 -Você me ama que eu sei. -Diz convencido. Ela ri e se levanta deixando ele bater a cabeça no sofá sem apoio. -Oush. 
 -Acho que é o contrári.. -Ela foi interrompida por James que entrou de forma desesperada dentro de casa, fechando a porta com tanta rapidez que Laryssa mal conseguiu acompanhar o movimento. -Tudo bem ai? 
 -Sem perguntas! Me ajudem a colocar esses móveis contra a porta, AGORA. -Falou de modo rápido e ao mesmo tempo autoritário, Laryssa e Crawford o olharam assustados e confusos, o que estava dando nele? Os dois esqueceram tudo que tinha de perguntar ao ouvir as batidas fortes na porta, era como se alguém pretendesse derrubar ela, logo se levantaram empurrando o sofá contra a porta. -ISSO NÃO É O SUFICIENTE, COLOQUEM MAIS. 
         As batidas na porta continuavam e dessa vez com mais força, Laryssa se perguntava se James havia se envolvido em algo ilegal e se agora havia enormes caras da máfia italiana ali para mata-los. Era uma ideia assustadora. 
         Com a ajuda de James, Crawford arrastou a enorme estante que havia na sala contra o sofá, mas as batidas continuavam e continuavam, aumentando gradativamente com o tempo, o garoto se perguntava quanto tempo a porta iria aguentar até ceder. 
         James subiu para o andar de cima correndo e logo desceu com coisas que na vista de Crawford eram totalmente inúteis, afinal, se ele não fosse jogar aquele livro enorme nas coisas que tentavam abrir a porta, aquilo não iria servir de nada no momento, mas o livro era tão grosso que Crawford não duvidava que fosse possível matar alguém com ele. 
 -JAMES O QUE PORRA TA ACONTECENDO? -Gritou Laryssa desesperada. James olhou para ela e não respondeu nada, apenas pegou um giz e começou a desenhar um circulo calmamente no chão, como se não houvesse prováveis grandes trogloditas italianos ali para matá-los. Ao terminar o circulo, James se sentou no chão e encarou Laryssa.
 -Entre com os meninos aqui e não saia, leve esse livro e o leia, aqui explicará tudo que você precisa saber. -Laryssa piscou diversas vezes, James só podia estar louco, nada do que ele estava falando fazia sentido. Giz, círculo, livro, nada daquilo fazia sentido, será que ele sabia que ela odiava ler? 
 -EU NÃO VOU ENTRAR NESSE CÍRCULO IDIOTA ATÉ VOCÊ ME DIZER O QUE ESTÁ ACONTECENDO! -Ela gritou. James não a respondeu, estava concentrado demais meditando ou imitando buda, ela não sabia distinguir muito bem a diferença. 
 -JAMES! -Gritou Crawford ao ver a porta cedendo e todos os móveis que a protegiam serem jogados com brutalidade para dentro da sala. Não eram italianos gigantes, mas certamente eram homens muito grandes que achavam que se vestir no estilo Espartano ainda estava na moda, por algum motivo os homens seguravam espadas enormes, lanças, e outros instrumentos de tortura. O círculo que James havia feito no chão estava se transformando em uma espécia de raios azuis saindo do chão. Laryssa piscou várias vezes e encarou Crawford. O que estava acontecendo? Nada daquilo fazia nem um pouco de sentido. 
  James permanecia ainda em sua pose de Buda, mas sua pele estava extremamente pálida e ele suava muito, como se tivesse corrido uma maratona ou algo do tipo, algo dizia a Laryssa que ele estava morrendo. Os homens o olharam de forma ameaçadora. 
 -ENTREGUEM A PRINCESA E VOCÊS NÃO SOFRERAM. -Um dos homens gritou com uma voz assustadoramente grave. Sem pensar duas vezes Laryssa puxou Crawford para dentro do círculo, lá parecia ser o local mais seguro.
 -A pipoca t..-Chris se interrompeu e arregalou os olhos. Ele não havia escutado nada por conta dos fones de ouvido que estavam no máximo. -O QUE TA ACONTECENDO AQUI GENTE? 
-ENTREGUE A PRINCESA OU MORRA MUNDANO. -Os homens estavam cercando o grupo, mas por algum motivo não entrava no circulo, Chris decidiu não ficar de fora e morrer entrando no círculo também. Os três se olhavam absortos. 
        James começou a fazer um barulho estranho e o raios de luz em volta do círculo se intensificaram assim como a expressão cadavérica de James, quando Laryssa percebeu que o círculo havia se fechado e que ele não poderia entrar novamente, ela gritou com toda a força de seus pulmões por ele e o tentou puxar para dentro, mas ao tentar cruzar o limite do círculo foi como se ela tivesse levado um choque, sendo assim lançada para longe.
        Tudo começou a girar, Chris se agarrou em Crawford ainda em choque, enquanto o mesmo tentava andar até Laryssa que se encontrava desacordada no chão, mas não foi possível quando eles começaram a flutuar e a girar com toda a velocidade no ar e serem engolidos pela escuridão. A última coisa que Crawford escultou antes de atingir o solo, foi os gritos desesperados de Chris e o barulho do baque surdo do corpo de Laryssa contra o chão. "
  
         Li e reli as páginas do livro tentando absorver seu conteúdo e comparei-o novamente com a realidade, sim, havia coisas citadas ai que realmente aconteceram, mas não dava para simplesmente aceitar que eu passaria por tantas coisas como dizia o livro, como o destino de todo um povo poderia está nas mãos de um simples anjo sem importância alguma? Não fazia sentindo. 
 -Niall. -Chamou meu irmão Charlie batendo na porta de meu quarto. -Largue esse livro por um estante, temos muita coisa a fazer hoje, a guerra se agravou, o exército de Douglas atacou contra Hostfire, vamos nos encontrar agora com os outros guardiões para decidir o que fazer. Esteja pronto em dois minutos ou não esperaremos por você. 
 Meu cérebro parou de processar o que Charlie falou assim que ele falou de Hostfire, não podia ser. Não, não, não, não, isso não podia está acontecendo, não comigo. Se Hostfire havia caído, isso significava que o conteúdo do livro é verdade e que agora o destino depende do cara mais burro e azarado do mundo, eu. 

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