sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Guardions - Back Home - Capitulo 3

         Com a visão embaçada, Laryssa desperta totalmente desnorteada em um ambiente nada familiar, com moveis robustos e empoeirados, cortinas rasgadas que balançavam com cada brisa. Assustada, ela tenta se levantar, mas ainda fraca depois da forte pancada que havia levado, nem ao menos conseguiu se sentar. Procurando respostas, vasculhou o pequeno vão com olhar, mas isso só a deixava mais confusa com todos aqueles instrumentos bizarros.
         Poucos minutos depois, passos atrapalhados e ruídos de algo sendo arrastado, alertam Laryssa para uma possível “visita”. A visão de uma senhora de meia idade, com uma feição calma, vestindo um vestido simples e um punhado de ervas na mão a assustou por ser totalmente desconhecidas.
- Ei, quem é você? - disse Laryssa soando um tanto rude.
- Bianca Russel, de Gellyg – disse a mulher com um sorriso animado – vejo que a senhorita teve uma boa melhora – fala caminhando em direção a jovem.
- PAROU! – Laryssa grita estridentemente como forma de advertência – você me disse o seu nome, mas eu não sei quem você é então não se aproxime.
- Princesinha, se eu soubesse que você era tão chata não teria me responsabilizado durante todos esses dias. – disse Bianca, magoada.
- Princesinha uma ova! – irritada
- Ora, mas que menina mal educada, presumo que nunca ganhou um elogio por conta da sua postura.
- Olha aqui, eu estou em uma casa imunda, estou fraca, incapaz de me levantar e não me lembro de como vim parar aqui, nem imagino, e você ainda fica me xingando? - indignada – A senhora Bianca Russel, de Gellyg, poderia me explicar alguma coisa?
- Mas é claro docinho, com toda essa delicadeza o que é que eu não faço – Bianca disse ironicamente e se sentando em uma cadeira próxima a cama – Bom, por onde eu posso começar, hum... é o seguinte: eu sou uma bruxa do bosque, você esta em uma floresta próxima de Longvile. Esta é a minha casa e eu adoraria que você não reclamasse das condições de limpeza, desse jeito é bom para atrair ursos e eu gosto de caça-los.
- Cadê a sua vassoura? - disse Laryssa bem curiosa
- Eu já disse que a casa deve ficar assim... – interrompida
- Naaaao, a que você voa! – deslumbrada
- Ai que garota chata! – disse a bruxa revirando os olhos de irritação – Bruxas não andam com vassouras, isso é uma bobagem que os mortais criaram, eu pareço aquelas velhas cheias de verrugas com cabelo ressecado, unhas nojentas e risada malefica? Por favor diga que não ou eu lhe jogo aos crocodilos.
- Hahaha... não, você não parece, mas continue a historia.
- Você deve se lembrar da confusão com os guardas de Douglas que invadiram a sua casa; depois disso você e os seus amigos vinheram pra cá através do portal que James abriu.
- OMG! Crawford e Chris vinheram? - a felicidade invadiu o rosto de Laryssa de forma esperançosa – ao menos não estou sozinha, mas como está o meu Pai?
- Morto – Bianca dá a noticia friamente deixando a menina chocada – quer dizer, o James, mas não se preocupe, o submundo é cheio de gente legal, ele vai gostar... mas pense pelo lado bom, você ainda tem outro pai e ele esta vivo!
- Não! Meu pai morreu, eu não tenho outro pai! – aos prantos
- Se acalme queridinha, estamos com presa, preciso agilizar! Onde eu estava mesmo?... Ah sim, seus amigos estão no palácio com o seu pai, que inclusive é o rei de Hostfire. Você veio pra cá porque seria mais discreto. Os soldados de Douglas estão atrás de você. Eu vou lhe levar para casa o mais rápido possível. – em uma velocidade inestimável - Você é a única herdeira do trono. Esse mundo tá um caos, mas depois te explicam. Agora deixa eu ver se eu consigo lhe levar para a carroça – analisa as possibilidades – vamos se apoie em mim
         Bianca se levanta e conduz o braço de Laryssa até os seus ombros, enquanto a mesma ainda enxugava as lagrimas. O caminho era cinza, cheio de arvores mortas, e o horizonte erra pintado de um vermelho encarnado vindo do fogo nos campos de batalha, a bruxa conduzia os cavalos como se fossem maquinas de guerra, fazendo com que a paisagem assustadora passasse em questão de minutos.
         Ao chegar ao palácio a entrada não pode ser triunfante como deveria e sim pelos fundos, onde dezenas de criados as esperavam ansiosamente. Assim que pois os pés no chão Laryssa desmaiou fraca, ainda consequência dos dias que havia passado inconsciente, Bianca foi levada para um quarto reservado antes que voltasse para casa, onde teve a horrível sensação de encontrar tudo destruído ou em chamas.
         Na manhã seguinte a princesa se acordou revigorada e se deparou com um vestido deslumbrante pendurado em seu mais novo armário e três empregadas prontas para o trabalho. Com habilidades invejáveis, as moças a deixaram pronta para o seu encontro com o rei (ou pai, como preferirem).

         Ao contrario do que esperava, ao chegar na sala de jantar encontrou uma mesa precariamente posta, com pratos quebrados, toalha manchada de algo que se poderia comparar com suco de uva. Haviam varias opções, mas o ambiente era capaz de deixar até mesmo um refugiado de guerra totalmente sem apetite: cortinas chamuscadas, funcionários correndo apressados de um canto ao outro, uns com roupas de guarda, outros com as mesma roupas que ela havia visto em sua recepção ao castelo. Ao ver o pobre de um servo tropeçar desajeitadamente em seus próprios sapatos Laryssa não teve como não rir, mas logo dois homem imponentes que adentraram a sala e travaram o seu riso com o aspectos pesados e sombrios que carregavam.
- Bom dia. - diz Laryssa envergonhadamente
- Bom dia, senhorita – disse o homem com o cabelo loiro cinzento e uma roupa que lembra os trajes dos oficiais de alto escalão militar, seguido por uma reverencia – o que esta achando do palácio – disse com um sorriso sem graça no canto do rosto, mas deixando transparecer um brilho de orgulho no olhar
- B-bom, pra falar a verdade eu só pude conhecer um quarto e esse salão, os segundos que ainda estava consciente na cozinha não foram suficiente para conhecer de verdade. - disse ela atrapalhada e olhando para os homens, se perguntando quem seria o rei – mas até agora tudo é bem legal!
- Ótimo! - responde o homem – Nossa como sou rude, nem me apresentei: Meu nome é Liam Payne, você conhece o meu irmão, o James, seu pai adotivo. - ele interrompeu a sua fala, pois Laryssa ao ouvir o nome de seu pai adotivo, já morto, ficou instantaneamente vermelha e com os olhos cheios de lagrimas e só continuou a falar quando ela conseguiu controlar a vontade de chorar – ele foi enviado ao mundo dos mortais como seu guardião, e agora que ele se foi eu cumprirei essa missão de lhe proteger assim como ele que deu a própria vida por você a pedido do rei, o seu pai – disse ele pondo a mão no ombro do outro homem que era moreno, com alguns fios grisalhos acima da orelha, que vestia uma armadura de guerra e empunhava uma espada imponente com um brilho dourado. - Rei Joseph, de Hostfire
- Oi. - disse ele sério – nos acompanhe até a sacada, preciso lhe apresentar para o povo... enquanto a tempo.
         Sem questionar ela se levanta calmamente e os segue por um corredor cheio de janelas imensas que deixavam entrar o som de uma multidão até que chegassem em uma porta enfeitada por ramos onde o rei entrou, gritou algumas saudações, anunciou o retorno da princesa e a convidou para se apresentar. Ao por o pé na sacada sentiu a vibração do povo penetrarem os seus ouvidos e mexerem com a sua alma. O povo a louvava, mas ela mal sabia quem era.
         O jantar já cheirava nas panelas, mas o sol ainda não tinha se posto. Um enorme salão já estava preparado para receber centenas de soldados que teriam uma noite de folga como recompensa por todo o esforço nos campos de batalhas. 
         Valerie foi obrigada a se vestir mais feminina do que era do seu costume, mas para não deixar a sua essência, fez questão de sempre manter a sua espada em punho.
   A preocupação com a sua irmã deixava Valerie louca, mas algo na multidão que logo preencheu o oco do salão a assustava mais: o cara dos olhos verdes. Devastada pela angustia de que ele poderia ter espalhado o seu segredo, saiu costurando entre as pessoas, deixando as suas duas sombras para trás até alcançar ele, que essa altura já havia saído para um jardim que ela nem havia se dado conta da existência.
- Como os meus homens poderiam tolerar um penetra? - disse Valerie.
- Do mesmo jeito que lhe obedecem. - respondeu ele sarcástico - Como foi que você conseguiu todo esse poder?
- Tem pessoas que nascem predestinadas há isso, mas eu também fiz por merecer. - Valerie disse apertando o punho da sua espada - Quem é você? Porque veio?
- Damas bonitas como você podem me chamar apenas de Harry. - terminou a frase com uma piscada de olho desajeitada.
- Eu achava que o ultimo audaz do planeta já tivesse morrido, mas não faz mal, vai morrer agora - movendo a espada em um golpe rápido e a posicionando abaixo da cabeça de Harry - eu tenho uma tradição de deixar que as minhas vitimas tenham uma morte rápida e silenciosa, então lamento se você tinha as suas ultimas palavras planejadas.
         Ao pressionar a lamina contra o pescoço do rapaz talvez ela tenha se esquecido de que a sua nova presa era bem habilidosa, pois foi o único que conseguiu surpreender-la. Com uma coragem admirável, ele chutou a barriga de Valerie, fazendo com que ela caísse sem folego na grama. Como forma de provocação, Harry deitou o seu corpo sobre o dela, fazendo com que os seus rostos de tornassem próximos o bastante para que ele conseguisse sentir a sua respiração ofegante.
- Olha só quem, mais uma vez, lhe pegou, juro que eu não gostaria que fosse dessa forma, a senhorita me obrigou, mas agora vamos conversar - ele disse de forma suave olhando pra os olhos de Valerie que borbulhavam de ódio.
- Seu cretino! Saia de cima de mim, eu sou uma dama! - ela disse raivosa lutando para se soltar.
- Mas eu estou tão bem acomodado, só mais um pouquinho! - ele disse rindo e pondo a cabeça em seu ombro.
- Ora, não lhe ensinaram nada - um empurrão e apenas, Valerie se libertou, mas enquanto apanhava a sua arma foi derrubada novamente - Que tipo de brincadeira é essa? Você só veio me perturbar!
- Calma miss simpatia, eu só vim lhe propor um acordo. Talvez você goste, talvez não. - Harry disse, dessa vez mais serio - que tal uma troca?
- Depende, mas pra que isso? - suspeitando de algo
- Eu não conto o nosso segredinho... - interrompido
- Que segredinho?- exaltada
- Da feitiçaria que eu vi na batalha, mas se você considerar que a sua paixão por mim também é um segredo eu posso incluir no acordo. - rindo irônico.
- Você é tão engraçado, poderia até ser um bobo da corte. - raivosa
- Até já pensei nisso, mas eles recebem muito pouco então não poderia deixar a minha boa vida para mendigar esmolas aos reis.
- Quer dizer que você não é um simples soldado.
- Muito bem, não sou. Prazer, Harry, filho de Douglas. Cuidado com o que diz!
- Veio a mando do seu pai. - olhando com desprezo nos olhos verdes de Harry- Contou a ele! - rapidamente ela se levanta e empunha a espada apontando para Harry - desde já rejeito qualquer tipo de oferta. Corra agora ou eu abrirei as portas do inferno para você.
Harry irritado se levanta e sai frustrado por ter desperdiçado uma chance de negociação que poderia despertar suas qualidades aos olhos de seu pai.
Ao voltar para a sala, ainda perturbada, ela percebe que os seus dois guardas estão lhe observando de forma curiosa, talvez fosse toda aquela grama presa ao seu vestido.
- O que estão olhando? Não tem nada o que fazerem? - disse ela revoltada - Vão embora procurar minha irmã e a outra menina!
- Mas senhora - disse um desses receoso - nos temos que lhe proteger.
- Vocês acham que esse  lugar não esta cheio o suficiente de gente disposta a me protegem - ela disse apontando para as mesas cheias de homens que devoravam frangos inteiros em questão de segundos e bebiam barris de bebidas em poucos goles - Vão e só voltem com ela... viva, caso reste duvidas.
- Certo senhora, mas antes precisamos falar com Geremyh - disse um dos homens
- Claro, vão lá falar com o Geremyh - resmunga ela - Já foram mais  obedientes.
- Mas senhora, ele nos ordenou lhe seguir por onde for, precisamos o avisar. - disso o outro guarda que até agora permanecia calado.
- Se apressem, eu quero a minha irmã aqui o mais rápido possível! - ela disse dando as costas e caminhando em direção de uma das mesas em busca de comida.

...

         A floresta estava mais fria do que na ultima noite, a dor do cansaço dilacerava os corpos de Rebeca e Ingryd. Sentadas abaixo de uma arvore imensa no meio do nada elas resmungavam, uma com a outra:
- Eu já lhe disse que te odeio, e que mesmo que nos sobrevivamos e nunca mais quero ver a sua cara? - disse Ingryd por entre os dentes cerrados de raiva.
- Nossa, que conhecidencia, eu também penso isso de você - respondeu Rebeca com um tom de desprezo inegualavel - Se eu não tivesse vindo com você já teria arrumando um canto pra morar e arumado a minha vida.
- É, mas ai você me sequestrou! - disse Ingryd já gritando - E já que você é tão boa quanto diz, vai ter que dá um jeito nisto tudo! Eu quero a minha casa, meus vestidos, minha cama... - Ingryd era filha única de um Lorde, que se mudou para o campo apos a crise na cidade, onde conheceu Rebeca. Ela havia ficado orfã de mãe ainda bebê e o pai nunca mais se casou para que pudesse dedicar a sua vida a filha. - Meu pai nunca mais vai me perdoar.
- Haha, ele deve realmente esta achando que você foi sequestrada. Já o me sabe que eu fugi e é capaz de mandar homens atraz de me matar. 
         Neste momento um barulho suspeito se ouve na floresta: dois homens conversando.
- Eu deveria ter ouvido meu pai quando ele disse que eu deveria me casar com a filha de um nobre, mas não, eu preferi servir a guerra e me tornar um guerreiro - o homem tira uma camada da armadura que lhe vestia e a joga no chão - procurando a irmã da patroa no meio da floresta. Arg!
- Pelo o menos nos livramos por algum tempo das reclamações da Valerie - disse o outro rapaz que se encostava em uma arvore próximas.
- No minimo, mas se nos não voltarmos com a menina eu não sei o que sera de nos. - ele se abaixa para alcançar um pequeno lago - Vamos parar por hoje.
- Mas nos começamos agora, Louis! - disse o guarda espantado com a indisposição do colega.
- E o que é que tem? Passamos o dia atraz da general, agora e o nosso descanço. - disse o homem agora com nome, Louis.
- Enquanto descançamos elas se afastam! - disse o homem
- São duas burguesas, não vão muito longe.
Enquanto isso a alguns metros de distancia, Rebeca e Ingryd ouvem atentamente e começam a coxichar
- Eles estão procurando pela gente? - disse Ingryd paralisada 
- Que eu saiba e não tenho irmã. Você tem? 
- Não.
- Então vamos ficar atentas a eles, com certeza são do exercito dos bárbaros. - quando Rebeca encera a fala, Ingryd da um suspiro de espanto que saiu um tanto quanto alto, mas os guardas parecem não notar. - anda, não da mais pra ficar aqui.
- Ah não andar mais? Meus pés não aguentam!
- Shiii! Pare de reclamar e vamos, com cuidado
        Poucos metros a frente são surpreendidas por um homem alto e robusto, com armadura de guarda e que impede a passagem. Logo em seguida um outros homem, esse muito atrapalhado, vem descendo um pequeno barranco descontrolado e só para ou esbarar em Ingryd e levar os dois ao chão. 
- AAAAAAAiiiii!!! - grita Ingryd ao chão - Eu não quero morrer!!!
- Sua irmã esta atraz de você, levaremos vocês a ela! - disse Louis em pé a frente de Rebeca.
- Ninguém tem irmã aqui, vocês estão enganados! - disse Rebeca irritada - Você ai, olha o que fez! Ajude ela a se levantar.
- Desculpe, mi lady. - o guarda trapalhão se levanta e logo estende a mão para ajudar Ingryd, que nem sai do chão - O que houve? Se machucou?
- Meu pé esta doendo muito! - disse Ingryd já com lagrimas de dor nos olhos - eu não vou conseguir andar!
- Deixe disso, o seu pé já estava doendo antes, não vá querer se aproveitar do rapaz! - disse Rebeca
- Não, esta pior, muito pior! 
- Ai meu Deus, machuquei a irmã da general, ela vai me matar!
- Calma Zayn, deixe de frescura - disse Louis
- Peguem ela e vamos ver essa tal irmã, talvez lá haja algum remédio para ela.
-  Com certeza há. É um certo de apoio militar, o que mais tem é ferido e remédio.
- Não fale tanto soldado! - disse Louis reprimindo Zayn - Só levaremos a irmã de Valerie, você fica.
- Não! - gritou Ingryd, já nos braços de Zayn - Se me levar tem de levar ela!
- As coisas não funcionam assim  - disse Louis com cara de impaciência - talvez seja melhor ela ficar.
- E talvez seja melhor eu ficar também - retrucou Ingryd
- Se elas ficarem teremos de ficar Louis - disse Zayn
- A meninas esta nos seus braços, vai para onde nos queremos disse - Louis arrogante
- Como vocês sabem que ela é irmã de Valerie? - disse Rebeca - Se for uma menina que fugiu e se perdeu na floresta, eu também posso ser - ela completou rapidamente.
- É ela, se parece mais. - disse Louis tremulo - Tenho certeza!
- Ou não. - disse Rebeca
- Certo, venha! - disse Louis despresivel - tomara que não seja você, ou terei o desprazer de lhe vigiar - e ele saiu na frente pisando firme e raivoso.
         Horas de caminhada depois ao chegar a mansão que servia de comando do exercido foram recepcionadas por Valerie.
- Mas duas? - disse ela surpresa
- Elas estavam juntas senhora.  disse Louis
- Esta certo - disse ela olhando para as duas - O que houve com aquela? 
- Machucou o pé. Posso leva-la aos médicos? - perguntou Zayn.
- Deve! - e Zayn saiu do salão - Vamos, vou lhe dar uma roupa e você vai se arrumar. Sua amiga também ira depois que os médicos a avaliem. Prazer Rebeca eu sou sua irmã.
- Ela é a sua irmã? - disse Louis
- Sim é - disse Valerie - Por que o espanto?
- Por nada. - disse Louis constrangido - Com licença! - ele disse e se afastou
- Eu sou filha única!
- Não, não é, tanto que eu sou sua irmã.
- Como?
- Depois eu lhe explico. Agora suba as escadas, estão lhe esperando nos seus aposentos. 
        Ao chegar lá foi arrumada, vestida e encaminhada de volta ao salão.
         E encontrou Ingryd também arrumada, pronta para a refeição ao redor de uma mesa imensa cheia de homens que deveriam representar algo.
- Companheiros, há anos venho procurado minha irmã, e finalmente a achei. - disse Valerie se levantando e erguendo uma taça de vinho - A Rebeca!
- VIVA! - todos disseram em um só urro.

sábado, 9 de agosto de 2014

Guardions - Find The Girls - Capítulo 2

            A reunião havia sido demorada, como sempre nós anjos tentamos impor a paz, nosso guardião Gabriel propôs ideias que favorecessem aos dois lados, mas ninguém se satisfez com nenhuma das ideias propostas e no fim das contas tudo continuou como estava. Na reunião, tentei ficar mais ao lado possível dos Guardiões, não havia nada que me fizesse apoiar os outros lados.
          Há 4.000 alguns seres especiais com um poder elevado ao dos outros, cansados de serem julgados pelos "mundanos" como aberrações se uniram, criando assim um mundo paralelo aquele que viviam -a Terra- e o chamaram de Guardions, se mantiveram no estilo de vida medieval Terreno, organizaram aquele mundo a sua forma dividindo as espécies de acordo do que elas transmitiam e se autointitularam Guardiões, a parti daí todo ser humano que nascesse diferente era levado a Guardions e observado até as faixas dos cinco anos, após isso é feito uma marca nesse ser identificando sua espécie e de acordo com ela seria designado a um Guardião que lhe ensinaria a lidar com seus poderes até os dez anos, após essa idade você teria a liberdade de escolher o que bem entendesse para sua vida. Eu, por exemplo, nasci com uma marca de pena, o que significava que eu sou um ser de luz ou celestial e meu Guardião é o Arcanjo Gabriel, levei uma vida normal em um vilarejo e aos onze anos escolhi aperfeiçoar meus poderes, então desde de então moro no Reino Celestial dos Céus e após anos de pratica, finalmente, me tornei um anjo. Então, não parecia certo para mim, apoiar um dos outros dois lados, pois Guardions tinha um legado de 4.000 anos que deveria ser preservada e nenhum dos outros me proporcionava esta perspectiva além dos Guardiões.
 Suspirei já cansado de pensar sobre guerra e política, seria tudo tão mais fácil se as pessoas pregassem a paz, não é tão difícil, é? Eu penso que não. Abri o livro de novo, pronto para ler mais um capítulo, sempre que eu pegava nesse livro, ficava ansioso, mesmo conhecendo linha por linha deste.

 "


                             10 anos atrás, Comunidade bruxa, Guardions 

   O armário estava completamente escuro, tudo que a garotinha respirava era fumava e a única coisa que ela pode ouvir durante horas foram gritos, mas de jeito nenhum a criança sairia do armário sua mãe havia sido clara ao dizer que ela não saísse em hipótese alguma, pediu que ela ficasse ali independente do que acontecesse e a menina não desobedeceria tal ordem, mesmo com pouca idade -apenas 7 anos- sabia que se o fizesse algo de muito ruim aconteceria.
  As horas se passaram, a fumaça de dissipou e os gritos sessaram. A menina apertou com força seu bichinho de pelúcia.
  -Abrace-o quando se sentir perdida. -Disse a mãe antes de partir. Valerie definitivamente se sentia perdida agora.
  Mais algumas horas de puro silêncio e a porta do armário se abriu, ela se assustou por alguns segundos até reconhecer o homem que a encarava, Jeremyh um dos amigos de sua mãe muito próximo da família. Sem dizer nada ele a pegou no colo e sussurrou:
  -Feche os olhos, Valerie, você não precisa ver isso. -Ela não fechou os olhos. Jeremyh estava certo, no fim de tudo, ela não precisava ver aquilo. 
                                                     Dias atuais
            Fazia dois dias que as amigas andavam sem rumo pela floresta, Rebeca além de cansada estava irritafa, afinal, Ingryd não parava de reclamar por um segundo e culpa-la pelo ocorrido
-QUER CALAR A PORRA DA BOCA?! -Grita Rebeca brava. Ingryd bufa revirando os olhos.

-NÃO! SE VOCÊ NÃO TIVESSE INVENTADO ESSA PALHAÇADA DE FUGIR EU NÃO ESTARIA AQUI. -Acusa Ingryd, pela milésima vez. Em um momento de impulsão e raiva Rebeca acerta um tapa na casa da amiga que se surpreende e devolve o tapa na mesma intensidade.


       As duas se encaravam brava, Rebeca resmungou alguma coisa e saiu andando deixando a outra para trás, a ultima coisa que Ingryd queria fazer era segui-la, mas ela preferia aturar a amiga em meio a todo seu estresse do que ser comida por um urso.

                                           [...]

  -DIRETA. ESQUERDA. ATAQUE POR BAIXO. NÃO DEREK, POR BAIXO. -Harry gritava as ordens para seu irmão mais novo que iniciava o treino de espadas. Derek não tinha muito coordenação motora e nunca fazia o que Harry dizia, por isso acaba sempre sendo derrotado pelos seus adversários.
 -Vamos parar por hoje, amanhã o treinamento será na mesma hora. -Anunciou para as crianças que tinham na faixa de 8 a 10 anos e se retirou do local. Era meio humilhante para Harry ter essa função de treinar os iniciantes, afinal ele era o filho de um Guardião, ele que deveria estar sendo treinado para assumir o lugar de seu pai quando o mesmo fosse se aposentar, porém Joseph tinha claras preferências pelo o irmão do meio de Harry e isso o deixava profundamente bravo, pois ele era o mais velho era de direito dele, não de Frank.
 Bufou irritado antes de entrar no escritório de seu pai, Joseph havia marcado uma reunião com o filho, provavelmente para anunciar que passaria seu cargo para Frank e deixar o mais velho de escanteio como sempre fazia, pelo menos era o que Harry previa.
 -Bom dia, Pai. -Falou sentando em uma cadeira que havia ali e encarando os severos olhos verdes do mesmo.



 -Como Derek está indo no treinamento? -Perguntou deixando de encarar Harry e escrevendo algo em um pergaminho. O menino se inclinou para frente tentando ver o que o pai escrevia.
 -Não muito bem, ele não tem muito coordenação motora, mas é tudo questão de treino, ele tem 8 anos, afinal, não é como se fosse ser um expert agora. -Harry apertou os olhos tentando ler o pergaminho. Joseph parou de escrever, enrolando o pergaminho e o lacrando.
 -Sabe para que te chamei aqui, Harry? -Perguntou se encostando na poltrona e mexendo na pena.
 -Presumi que para falar sobre quem vai assumir o seu lugar quando você se aposentar.
   Joseph se levantou e pegou outro pergaminho.
 -Recebi isto hoje de manhã, a oposição atacou mais um reino, e os exércitos de Douglas estão avançando  cada vez mais, estamos perdendo a guerra. Eu vou me aposentar, mas antes disso pretendo fazer com que a guerra esteja ganha para o nosso lado. Mas como fazer isso? O que você faria desestabilizar a oposição, Harry? -Pergunta. Harry pensou por um tempo e logo respondeu:
 -Destruindo o líder deles, pois deixaria a oposição separada devido aos conflitos internos para quem assumiria a liderança. Brigando entre si, eles se tornariam fracos. -Respondeu com certa incerteza, o pai repuxou os lábios em um sorriso sombrio.
 -Exatamente. Eu tenho uma proposta para você. -O sorriso aumentou fazendo Harry se assustar.
 -Qual? -Perguntou inseguro.
 -Mate a líder deles, sim é uma mulher, mas não leve isso em conta, apenas a mate e eu te darei mais do que você pode desejar, se você conseguir cumprir essa missão eu te darei meu cargo e deixarei com que você veja a sua mãe. Só basta aceitar e executar a missão com sucesso. -O garoto se surpreende, ele realmente achava que seu pai faria de Frank seu sucessor e há anos ele havia perdido as esperanças de ver a sua mãe novamente. Sem pestanejar, Harry aceitou a proposta, obviamente seria perigoso, difícil e um pouco imoral, mas a ganância pelo poder de ser um guardião e o desejo de ver sua mãe superava qualquer perigo que fosse necessário passar.
                                                   [...]
Os soldados estavam sentados em uma grande mesa e de lá vinha um grande burburinho o que só ajudava a deixar Valerie mais irritada, o dia estava sendo estressante para ela, afinal, não fazia menos de um mês que seu urso falante, Simon, havia descoberto, por meio de seu dom da visão, o paradeiro de sua irmã a muito tempo perdida, desde de então Valerie encarregou Simon de vigiar a menina e hoje ela havia tido a agradável noticia de que sua irmã havia fugido com uma colega por entre as florestas perigosas de Guardions e como se não fosse suficiente os seus problemas familiares, ela ainda tinha uma guerra para lutar. 
Ela se levantou e logos as suas duas sombras se levantaram em seguida, Valerie revirou os olhos, ela precisava urgentemente falar com Jeremyh sobre isso, simplesmente não dava para aturar aqueles dois grandalhões na cola dela dia e noite.
        Valerie saiu do refeitório e foi caminhando calmamente até os aposentos de Jeremyh, entrando no mesmo sem ao menos bater à porta, ela não estava com paciência de esperar.
        Sentado em sua cadeira, com um livro em suas mãos, lendo concentrado estava Jeremyh que continuou lendo sem olha-la.
- Dia ruim?- perguntou ainda lendo. Valerie bufou. 


- Jeremyh, pelo amor de Deus, eu já tenho milhares de problemas e não preciso de mais dois – Fala irritada, apontado para os dois soldados que pareciam se divertir com a situação.
Jeremyh fechou o livro o colocando em cima da mesa de madeira com um estilo clássico e finalmente a encarou.
- E é por causa desses milhares de problemas que você precisa deles dois – desde o ataque a Hostfire Jeremyh estava preocupado que algo acontecesse a Valerie, pois a cada cidade que passavam eles viam mais e mais cartazes de reinos que ofereciam um bom dinheiro por ela.
- Eu sei que você está preocupado, mas Jeryh eu sei me cuidar – ele riu, o que fez ela se sentir novamente com 12 anos, quando tentou bater em uma garota dois anos mais velha que vinha caçoando dela há algum tempo. Depois de perder a briga e chegar com um olho roxo em casa, ela disse a Jeremyh que aquilo não foi nada e que ela poderia se cuidar sozinha e ele apenas riu fazendo ela se sentir a pessoa mais inofensiva do mundo.
- Não você não sabe, você é imprudente Valerie – ela bufou e bateu o pé, encarando ele impaciente – Viu? E ainda é mimada! – Ele brincou rindo de novo. Ela suspirou, desistindo de insistir naquilo e virou para os seus guardas
- Me esperem lá fora por favor, eu gostaria de falar a sós mais Jeremyh. – fazendo uma reverencia eles saíram do quarto a deixando sozinha com Jeremyh. Então ela andou até ele e o abraçou.

- Eu estou com medo Jeryh – ela o apertou – acho que não sou a melhor pessoa para liderar, eu só tenho 17 anos e eles me tratam como se eu fosse uma rainha, aposto que se soubessem quem eu sou já teriam me matado. Eu não sei se consigo lidar com tudo isso.

- Claro que você é a melhor pessoa, você treina para isso, concordo que você é jovem e nada prudente, mas todas as pessoas que fizeram grandes feitos em suas histórias começaram assim. Não vá desistir agora, me prometa que não vai desistir.
        A garota estava dominada de incerteza e insegurança, ela não se sentia apta para aquilo, mesmo com todos dizendo que sim, em sua visão ela não era nada além de uma garota assustada.
- Eu prometo Jeryh – antes que ele pudesses responder houve duas batidas na porta, Jeremyh gritou um “entre” e logo os dois guardas entraram.
- Desculpe interromper, mas estamos sendo atacados.
                                                                         [...]
        Em cima das nuvens um jovem anjo observava a mortal mais linda na qual ele já teve o prazer de cuidar, ele não era um anjo da guarda, era apenas o anjo guardião dos bons sonhos visto como inútil por muitos, afinal do que sonhos tem utilidade além de iludir os mortais? Niall poderia responder tal pergunta de mil formas diferente, mas apenas preferia deixar que as pessoas pensassem o que quisessem, ele sabia que não era um inútil e isso bastava para ele.
        Ultimamente ele observava a menina dormindo, ele sempre fazia com que ela tivesse os sonhos mais doces e sorria ao perceber que ela gostava, porem tudo isso fazia ele se sentir um idiota, pois ele sabia que nunca poderia nem ao menos conversar com ela.

        Pensar na garota o distraia do que acontecia em seu mundo, o distraia do peso que era ser um guardião, o distraia da guerra inútil que acontecia, se Douglas o tivesse escutado aquela guerra não aconteceria. Ele havia alertado que matar os outros guardiões apenas para adquirir mais poder não ia resultar em nada além de desgraça para aqueles que não tinham nada a ver com isso. Douglas não o escutou e 17 anos depois a guerra continuava.
       Tudo que Niall queria eram dias melhores, mas as pessoas insistiam em fazer o que era errado, e isso o deixava frustrado, pois ele não tinha poderes suficientes para reverter a situação, no final de tudo ele não significava nada.

                                                [...]
Um grito de guerra deu início a batalha e logo depois tudo se tornou uma grande confusão de gritos, tilintar de espadas, flechas derrubando homens de seus cavalos, sangue por todo lado. Valerie esticou o braço puxando a corda do arco e soltou disparando uma flecha repetindo o ato diversas vezes. 

            Em um momento distração de Valerie um homem atacou contra seu cavalo investindo nas patas dele, fazendo com que ele caísse levando ela junto. 
          Valerie se levantou e sacou a espada rápido o suficiente para que ela pudesse revidar a primeira investida do homem. Valerie o atacou furiosamente o qual retribuía as investidas na mesma intensidade. Espada contra espada, um momento de guarda baixa de uma das duas partes e um estaria morto, ela sabia quem seria e não era ele, afinal o homem havia o dobro de sua altura e o triplo de sua força, Valerie estava começando a ficar cansada
       Ela se concentrou na espada na mão dele e sibilou o feitiço fazendo com que a espada surgisse na mão de Valerie deixando o homem desarmado, o qual estava abismado com o ato. Sem dar tempo para que ele fugisse ela o atacou pelos dois lados fazendo as espadas perfurarem sua pele quase o dividindo ao meio fazendo seu sangue jorrar e um sonoro grito de dor sair de sua boca. O homem caiu no chão morto. 



       A garota olhou para os lados se sentido observada e logo seus olhos se encontraram dois pares de olhos verdes, o dono dos olhos a observava com o cenho franzido, Valerie entrou em pânico, ele não poderia ter visto ela usando magia, as pessoas não podiam saber o que ela era, quem ela era. Mas aquele garoto tinha visto e agora se fazia necessário que ela calasse a boca dele antes que ele fizesse alguma merda. Sentindo a adrenalina passar por todo seu corpo Valerie atacou todos que se meteram eu seu caminho, tentando chegar até o garoto que a olhava com um sorriso de canto, como se isso fosse exatamente o que ele queria, que ela o caçasse.



        Valerie estava chegando cada vez mais perto e tendo isso em vista o garoto correu para longe da batalha adentrando na mata, ela correu na mesma direção o seguindo, ele era rápido, tão rápido que em instantes ela o perdeu de vista. A garota o procurou por toda a extensão da floresta, seu coração palpitava, sua cabeça doía, e diversos cantos de seu corpo latejavam devido aos cortes e escoriações que ela ganhou durante a batalha. 

 A morena estava desesperada, ele não poderia contar, não poderia. Ela parou instantaneamente de andar ao sentir o ferro gelado em contato com seu pescoço. 


 -Vai há algum lugar? -Sua respiração acelerou. Isso não era bom, não era nada bom. Valerie respirou fundo e tentou formar uma frase coerente. 
 -Se vai me matar te aconselho a andar logo, não tenho tempo para perguntas idiotas. -Ele soltou uma risada debochada. Se fosse para morrer Valerie preferia que fosse rápido. 
 -Talvez eu queira te torturar um pouco antes de te matar ou talvez eu queira respostas para o que eu vi ou talvez eu queira as duas coisas. -Dessa vez foi ela quem riu. 
 -Ter essa conversa com você já está sendo bem torturante e se quer respostas veio falar com a pessoa errada, eu não vou te dizer nada. -Valerie respirou fundo e apenas fechou os olhos. -Ande logo com isso. 
 -Não, não quero você morta agora. -Ele pressionou a adaga com mais força contra o pescoço de Valerie. 
 -E o que caralhos você quer afinal? -Valerie bufou, ela só queria um morte rápida, era pedir demais? 
 -Quero respostas. Aquilo foi magia?
 -Aquilo o que? -Valerie se fez de desentendida.
 -Quer brincar agora? Você sabe exatamente o que eu vi. -Ele segurou  os cabelos dela os puxando com força fazendo ela soltar um grunhindo de dor. 
 -Se você sabe o que viu por que pergunta? -Perguntou com certa dificuldade sentindo os puxões em seu cabelo aumentar. 
 -Para ter certeza. 
 -Se você viu como diz que viu não precisa ter certeza precisa? -Valerie só precisava enrolar mais, ganhar tempo, arrumar uma forma de fugir e calar a boca dele. 
 -Pare de me responder com perguntas. -O garoto falou em quase um rosnado. 
 -E por que eu faria isso? -Ela se esforçou para não rir, incrível como somente Valerie conseguia arrumar humor quando estava prestes a ser assassinada. 
 -Voc..-Ele se interrompeu e tapou a boca de Valerie. De início ela estranhou até que ouviu o barulho de galhos secos quebrando e passos. 
  -VALERIE. -Era a voz de Jeremyh e não estava muito longe, então era agora o garoto iria a matar e fugir.
      Frustando as expectativas de Valerie o garoto apenas a soltou e fez um sinal de silêncio a lançando um olhar ameaçador. Valerie estava confusa, ele não iria a matar? Como se entendesse o que ela estava pensando ele apenas formou com os lábios um "ainda não" e deu as costas correndo pela floresta deixando  Valerie estática. Então era isso, ela não iria morrer agora, mas sim quando ele quisesse. como um animal, ela estava apenas marcada para morrer? A ideia havia deixado Valerie furiosa e cheia de vontade de esquartejar o garoto da próxima vez que o visse e ela iria. Ah, ela iria. 
 -Valerie? O que você está fazendo ai? -Jeremyh correu até ela e a abraçou. -Estou te procurando há muito tempo, achei que tivesse...


 -Eu sei. -E quase morri, pensou. -Não se preocupe, estou bem. 
 -O que houve? -Ele a analisou de cima a baixo como se estivesse garantindo que ela estava bem e inteira. 
 -Longa história e pouca paciência, explico mais tarde. -Ela o soltou e começou andar mancando da perna esquerda que sangrava devido ao belo corte que ganhou durante a batalha. -Agora precisamos reunir o resto do nosso exército, rever as estratégias de batalha e decidir para onde iremos agora que descobriram a localização de nosso acampamento.
       Valerie pode ouvir Jeremyh a seguindo, ela não conseguia pensar em mais nada além de que alguém sabia o seu segredo e de que ela estava extremamente fodida."
   

terça-feira, 5 de agosto de 2014


Gardions - Capítulo 1 - The lost book 

 Havia um certo tempo desde de que eu havia achado o livro de conteúdo suspeito e inacreditável, de início imaginei que fosse uma espécie de brincadeira de alguns dos meus irmãos, eles gostavam de me deixar perturbado, depois de ler o livro todo eu ainda não conseguia acreditar na veracidade de seu conteúdo, não fazia sentido para mim que essas coisas um dia venham a acontecer.
  Baguncei meu cabelo e abri o livro novamente. Eu não estava cansado de ler e reler a história sempre buscando coisas que se encaixassem na minha realidade atual e o mais surpreendente de tudo é que alguma das coisas que cintadas no livro já acontecerão, pode ser uma mera coincidência, mas isso me deixa perturbado, afinal se tudo aquilo for verdade eu teria muita coisa pelo o que lutar, muito o que fazer.
  Suspirei e voltei a me concentrar naquilo que tanto me intrigava.

    "O orfanato estava silencioso durante aquela madrugada, todas as luzes da enorme casa estavam apagadas, com exceção de uma. Laryssa se encontrava mais uma vez acordada, olhando o teto fixamente, gravando em sua memória cada detalhe da tinta branca que já estava descascando no local.
     Era comum que Laryssa passasse a madrugada acordada, desde dos sete anos ela costumava acordar devido ao mesmo sonho. A loira fechou os olhos repassando-o em sua mente mais uma vez.

     'A criança corria feliz pelo enorme jardim real perseguindo as borboletas que tanto gostava, a rainha observava a filha com um sorriso enorme e os olhos cheios de lágrimas. -Laryssa, cuidado para não sujar o vestido filha. -Disse a rainha se ajoelhando em frente a criança loirinha que sorria sapeca. -Desculpe, mamãe. -Falou a menina de forma infantil. A rainha sorriu melancólica. -Tudo bem, vamos tomar um banho, sua carruagem sai em 30 minutos. -Informou pegando a mão da criança e andando rumo aos seus aposentos. Aquela seria a ultima vez que mãe e filha teriam um momento agradável juntas, era um fato e todos estavam conscientes disso, menos a criança que sorria largamente imaginando ser uma das viagens divertidas a qual fazia na companhia de seus pais, porém a viagem estava longe de ser divertida e desta vez ela não teria a companhia e muito menos a proteção dos pais.'  Para outra pessoa aquilo não passaria de um sonho, mas Laryssa gostava de pensar que era algo muito próximo a um estranho presságio de sua infância, segundo o que a Freira Dominique havia a contado, a menina apareceu do nada na porta do orfanato quando tinha seis anos, depois que as freiras cuidaram da mesma, dando roupa e comida ela simplesmente desmaiou e ao acordar não se lembrava de nada anterior ao acontecimento.  Dominique havia dito que antes de desmaiar a criança falava coisas perturbadoras, sobre homens malvados a perseguindo, reis e rainhas, uma cidade pegando fogo e uma guerra. O médico que a examinou concluiu que aquilo havia sido alguma alucinação da cabeça de Laryssa ou apenas sua imaginação fértil de criança agindo.  Desde de então ela tinha esse sonho, um dia ao contar seu sonho para Crawford, seu amigo, ele deu a sugestão de que aquele sonho poderia ser uma lembrança vaga de sua infância, mas ela sabia que era impossível, nada daquilo fazia sentido levando em conta a realidade.  Passaram-se mais algumas horas até que a garota tomou coragem para se levantar, tomou banho e se vestiu mais arrumada do que o normal. Hoje seria mais um dia de visitas de seu futuro pai adotivo e mesmo sabendo que em uma semana ela já estaria morando com ele, Laryssa continuava querendo o impressionar, afinal, era comum que as pessoas acabassem desistindo de adotar, isso já havia acontecido com ela diversas vezes. 


 Se olhando no espelho por uma última vez, Laryssa saiu do quarto e se encaminhou para o refeitório.                                                                      [....]   


  Como todos os dias , o melhor amigo de Laryssa, Crawford, se encontrava sentado em uma mesa no fundo do refeitório ao lado de uma enorme janela que dava uma visão privilegiada para o enorme jardim da propriedade.  
   -Bom dia, Crawford. -Fala Chris, seu irmão, se sentando ao lado dele e acenando sorridente para Laryssa que se encaminhava até eles. Crawford abriu um sorriso largo para a garota, o que era uma raridade acontecer, o garoto costumava ser muito mal humorado durante o período da manhã. 
   -Bom dia, Crawfish. -Cumprimentou Laryssa beijando a bochecha do mesmo e em seguida a de Chris. -Bom dia, Chris.
   -Você vai receber visitas hoje ou por algum milagre divino decidiu pentear o cabelo? -Crawford riu. Ele gostava de irritar ela, o que nunca acontecia já que Laryssa sempre achava engraçado e ria. 
   -Que engraçado você, hein? Não tenho culpa de ter preguiça até de respirar de manhã. -Ela riu. -Mas é, ele vem me visitar hoje. Na verdade ele vai vim me visitar durante toda semana, acho que é para que eu me acostume melhor, já que irei morar com eles semana que vem. 

  -Você tem mesmo de ir? -Perguntou Chris fazendo um biquinho. 
  -Você fazer falta, Lalys. -Completou o irmão abraçando ela de lado. 
  -Ain deixem de draminha, eu vou visitar vocês sempre que puder. -Retrucou Laryssa sorrindo fracamente, se sentindo um pouco triste.  

-Acho bom mesmo do contrário eu fugirei daqui só para brigar com você. -Ameça Crawford em uma fracassa tentativa de ser ameaçador. Chris riu. 
 -É uma boa ideia, até por que ela nem iria amar. -Chris fala olhando para Lalys de canto de olho e observa a menina corar. Ele gostava de dar pequenas indiretas para Crawford sobre os sentimentos da amiga, em uma tentativa falha de tentar dá um pequeno empurrão no "casal". Crawfrod com seus meros 14 anos se dizia apaixonado pela a amiga, mas tinha muita vergonha de admitir juntamente com o medo do que os seus amigos iriam pensar, somente Chris tinha conhecimento dos reais sentimentos do irmão, assim como tinha dos de Laryssa. -Não é, Lalys? 
 -Claro que eu iria adorar receber a visita de um dos meus amigos. -Fala Laryssa colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.  
 -Aham, mais feliz ainda por ser uma amigo tão importante quanto o Crawford. 
 -Er.. Como todos os outros. Acho melhor eu ir indo, ele já deve ter chegado. -Laryssa se levanta nervosa e sai totalmente apressada se sentindo envergonhada com a situação.
  -Por que ela saiu assim? Ela nem tomou o café da manhã! -Pergunta Crawford ao irmão, que rir internamente da lerdeza do outro. 
  -Nada ué, só estávamos conversando, ela deveria estar apressada... -Chris sorri e se levanta para fazer o prato de seu café da manhã, deixando um Crawford apaixonado e confuso.                                                                           [....]  
  James observava entediado as enormes arvores que haviam naquele jardim e as crianças que corriam por ali brincando de alguma coisa a qual ele não tinha conhecimento ou se sentia interessado em saber. Esse era o grande problema das visitas, James sempre chegava duas horas antes do horário marcado para se certificar de que não havia nem um perigo eminente -o que nunca tinha- e sempre acabava esperando Laryssa durante horas.
  -Oi. -Cumprimenta Laryssa timidamente. -Estava procurando alguma coisa? 
  -Não, não, apenas olhando a paisagem, vocês tem uma jardim muito bonito. -James sorri. A menina  retribui o gesto sentando ao lado dele.
  -Como está? 
  -Bem. -Era incrível como Laryssa se tornava monossilábica perto dele, James consegui compreender, deveria ser estranho ou até vergonhoso ser obrigada a falar e conviver com um estranho todos os dias e depois morar com ele.  Em seus 14 anos de juramento, James nunca havia imaginado fazer metade destas coisas, ao recitar aquele juramente ele tinha plena consciência de que teria de protegê-la e de que estaria parado no tempo até o dia em que ela estivesse em completa segurança -aquela guerra havia trazido diversos perigos para a princesa- , mas ele nunca imaginou que estaria em meio aos simplórios mortais na Terra e que teria de adota-la. Comparando tudo isso a sua antiga realidade, era tudo muito surreal, como se fosse uma outra vida.  Cortando o silêncio constrangedor que havia se instalado James fez menção de se pronunciar:  
  -A irmã Dominique me deu permissão para te levar para sair, você irá me ajudar na escolha dos móveis e da decoração de seu quarto. -James pode perceber os olhos dela brilhar. Laryssa nem ao menos se lembrava da ultima vez em que havia saído do orfanato e viu o mundo pela ultima vez. -E depois podemos sair para almoçar e tomar um sorvete. O que você quiser fazer na verdade, contanto que voltemos antes das 17 horas. 
   -V-vai ser..  ótimo! -Gaguejou. Quando Laryssa ficava envergonhada, nervosa ou feliz, ela costumava gaguejar, no momento ela estava muito das três coisas. James sorriu e a puxou pela mão andando em direção aos limites do orfanato.                                                                                                                                            [....]  
Crawford estava esperando Laryssa no Roodson, um esconderijo estranho com um nome estranho que eles haviam dado ao o descobrir. O garoto estava meio depressivo desde de que a amiga havia saído com o tal do James, nem jogar Hockey com seus amigos ele quis, mesmo ela tendo saído apenas por 12 horas e sim ele estava contando.  Ao ouvir a porta batendo ele se levantou rapidamente e abriu um sorriso largo ao ver a menina, a mesma estava segurando diversas sacolas e em seu rosto havia um sorriso lindo que fez o estômago do garoto revirar. 
   -Como foi sair dessa prisão? -O sorriso dela aumentou, Laryssa largou as sacolas no chão e se jogou em um poof ao lado do de Crawford animada.  
  -Foi perfeito! Ele é tipo MUITO legal. Primeiro fomos ver a casa que vamos morar e ele me deixou escolher o meu próprio quarto, e você TEM que ver Crawf, é enorme! Dá quatro desses quartos daqui dentro dele. Ah e depois fomos comprar os móveis que ele também me deixou escolher, depois que compramos tudo ele me levou para almoçar e em seguida fomos nesses lojas chiques para comprar roupas. -Diz Laryssa completamente feliz e aponta para as sacolas no chão. -Eu não vejo a hora de morar com ele. 
  Crawford sentia como se alguém estivesse dando diversos socos em seu estomago, apesar de se sentir aliviado por ela está feliz, ao mesmo tempo ele se sentia mal por saber que ela iria embora, no fundo ele esperava que ela odiasse o cara e acabasse fazendo ele desistir de adota-la, era egoísta pensar dessa forma, mas Crawford era extremamente dependente de Laryssa e estava apaixonado demais para deixa-la ir, afinal ela o conhecia desde dos 8 anos, ela não podia ir embora, ela seria realmente capaz de o deixar?  Sem nem perceber Crawford já estava chorando, Laryssa o olhou sem entender o por que daquela ação. 
  -Crawf? O que houve? -Ela o abraçou e ele chorou com mais força.
  -Por favor, por favor, por favor, não vai embora. -Ele a apertou com mais força e deixou um soluço fraco escapar. Laryssa puxou o rosto do garoto, o fazendo encara-la.
 -Hey, eu não vou te deixar. -Ela enxuga as lagrimas do menino e sorri. -Eu já te disse que v... -Laryssa se interrompe ao perceber a forma na qual ele a encarava, os olhos castanhos mel a olhavam de forma intensa porém doce, Crawford não conseguia absorver nada do que ela dizia, só podia pensar no fato de que ela estava muito perto e no quando ele a achava linda.
  -Crawf, você está me ouvindo? Ele negou com a cabeça e colocou as mãos na cintura dela a puxando ainda para mais parte, Laryssa o olhou confusa e querendo rir.  -O que você 'ta fazendo? -Ela solta uma risadinha. Ele não respondeu, apenas colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha e mordeu o lábio nervoso. Laryssa corou ao se dar conta do que ele estava prestes a fazer, mas não faria nada para o impedir, ela queria isso mais do que tudo. Sem dizer uma única palavra, ele a beijou. Um beijo inocente, apaixonado e um tanto desajeitado. Era o primeiro beijo deles e nenhum dos dois sabia exatamente o que fazer, mas ainda assim o beijo fluiu da melhor forma possível.


  Atrás da porta, Chris observava tudo completamente feliz ao perceber que os dois haviam se acertado, agora tudo daria certo e eles iriam ficar completamente felizes, era o que ele achava, mas o garoto estava engando, afinal, como diria Murphy "tudo que tende a dar errado, vai dar errado", não seria muito diferente com os dois. 

                                                             [....]

                                               1 semana depois 

  Laryssa costumava odiar dias de Segunda-Feira, mas esta era uma exceção, finalmente havia chegado o dia em que ela iria morar com James e finalmente ter a vida de uma adolescente normal, nunca na vida Laryssa havia ficar tão animada para algo. 
 A menina cantarolava uma música enquanto terminava de arrumar sua mala, como sempre ela havia deixado tudo para ultima hora, mas no fundo ela queria atrasar o máximo possível para ter mais um tempo com seus amigos, ela havia passado a semana inteira com Chris, Laryssa e Crawford não estavam se falando muito desde do ocorrido, ela imaginava que depois daquilo eles poderiam ter algo mais sério, até namorar talvez, mas parecia que Crawford não pensava da mesma forma, já que ele a evitou todos os dias falando com ela apenas durante as refeições, o que a deixou realmente triste, afinal, não era segredo para ninguém que Laryssa era completamente apaixonada pelo o amigo, mas no fim ele não sentia o mesmo. Pelo menos era o que ela imaginava. 
 Depois de arrumar a mala e se despedir das Freiras e de algumas colegas que ela tinha ali, Laryssa se encaminhou para o local onde ela havia marcado de se encontrar com o Chris e o Crawford, um banquinho de mármore no centro do jardim. Laryssa franziu o cenho ao perceber que não havia ninguém ali, teriam eles esquecidos que hoje era o dia que ela iria embora?
 Suas dúvidas se dissiparam assim que ela sentiu duas mãos firmes tampando seus olhos, ela sorriu, deveria ser o Crawford. 
 -Crawf? -Perguntou forma quase inocente. Ninguém responde, então ela concluiu de que era o Chris. Só poderia ser ele. -Chris!
 -Eu mesmo, baixinha. -Ele destampou os olhos dele e sorriu largamente, mesmo não estando com vontade de o fazer, Chris estava deprimido por que a amiga ia embora e um pouco tenso por causa de Crawford. 
 Ela olhou para Chris sorridente, mas logo desfez o sorriso ao perceber a falta do amigo. 
 -Cadê ele, Chris? -Perguntou meio desconfiada. Ele tinha de vim. E
 -Ele não vem, Lalys. -Diz Chris olhando para os próprios pés, meio sem saber o que fazer. Laryssa piscou várias vezes tentando assimilar a informação, como assim ele não iria vir se despedir? Ele havia se arrependido tanto do beijo a esse ponto? Ela pode sentir seus olhos enchendo de lágrimas, mas as segurou, de jeito nenhum iria chorar na frente de alguém. 
 -Ah, okay então. -Falou tentando mostrar indiferença, mas por dentro tudo o que ela sentia era uma certa tristeza sem igual, seria o tão famoso coração partido? Que clichê. Laryssa amava clichês. 
 Chris olhou para ela com pena, mas não disse nada, apenas se sentou no banco e a puxou para sentar ao lado dele. Os dois ficaram ali por algumas horas, apenas conversando, aquela definitivamente era uma longa despedida, enquanto esperavam James vim busca-la, os dois faziam diversos planos, sobre como Chris fugiria para visita-la e os dias da semana em que ela veria vê-lo, sobre como seria os dois morando juntos com um grupo de amigos na faculdade, entre outras diversas coisas que apenas melhores amigos entendem. 
 Mesmo sentindo a falta de Crawford, Laryssa estava se divertindo, ficar um tempo com Chris sempre era bom. Um certo tempo depois James chegou para busca-la e aí a verdadeira despedida começou, Chris cumprimentou James rapidamente e puxou Laryssa para um abraço apertado e sufocante que ela simplesmente amou. 


  -Se cuida, ta Lalys? Não faça besteira. Se comporte. -Ele apertou ela e beijou a testa da mesma. Ela soltou uma risadinha. 

 -Digo o mesmo para você, Chris. Se cuide e não faça besteiras. Ah e.. diga para o Crawford que eu vou sentir a falta dele.. Não só a dele, a sua também. -Ela sorriu fracamente e beijou a bochecha dele. 


 -Eu vou dizer. -Ele sorriu e ela se soltou do abraço entrando no carro. -Tchau. -Ele acenou para ela tentando se demonstrar o mais relaxado possível, ele não queria que ela fosse embora preocupada por ele está chorando como uma criancinha de dois anos ou algo do gênero. 
 Ela acenou de dentro do carro para ele e James fez o mesmo. Chris assistiu a amiga ir embora, ficou ali parado observando até o carro sair de vista, mas ele não foi o único observando isso, em cima de uma pequena colina, atrás de uma árvore, estava Crawford, olhando tudo desde do momento em que eles haviam chegado ali, o garoto não havia arrumado coragem o suficiente para se despedir e agora uma das melhores pessoas que ele já conheceu havia ido embora, sem que ele pudesse se despedir e nada para ele no momento poderia ser pior. 

                                                             [...]

                                                   4 anos depois        

        Mais  uma vez os amigos se preparavam para uma longa e divertida sessão de filmes no Netflix, era algo praticamente do cotidiano deles, Chris sempre questionou o fato de Laryssa e Crawford, insistirem em assistir filmes em um site por assinatura, qual era o sentido ter que pagar para assistir quando poderiam assistir em outros sites de graça? A resposta era sempre a mesma.  
 -Por que no Netflix tem mais graça. -Responderam em uníssono. Chris fez uma careta. 
 -Isso é desperdício de dinheiro. 
 -Nah, isso é estilo de vida americano, baby. -Retruca Crawford. 
 -Estamos no Canadá. -Completa Laryssa. -Mas mesmo assim prefiro o Netflix, por que é de qualidade. 
 -Ta,ta, eu vou fazer pipoca. -Diz Chris contrariado indo para a cozinha.           Era estranho de imaginar como as coisas mudaram nesses quatro anos, no primeiro mês de Laryssa na nova casa, somente Chris vinha visita-la escondido, no segundo mês, quando ela já havia perdido as esperanças de ver Crawford novamente, ele finalmente veio vê-la junto com o irmão, de início ela se negou a falar com ele, mas isso só durou uns cinco minutos até ele mostrar o urso enorme - que era mais ou menos de sua altura - que ele havia comprado para ela, um pedido de desculpas desses ela não poderia recusar. As coisas foram se ajeitando aos poucos e no fim eles acabaram como antes, grandes amigos, mas nunca eles falaram do beijo, era como se não houvesse ocorrido e no fim foi melhor para ambos assim. 
 -No que está pesando? -Pergunta Crawford se deitando no colo dela e fazendo aquela típica cara que ele fazia quando queria que ela fizesse carinho no cabelo dele. 
 -Deixa de ser folgado. -Ela deu um tapa leve na cabeça dele e o mesmo riu. 
 -Você me ama que eu sei. -Diz convencido. Ela ri e se levanta deixando ele bater a cabeça no sofá sem apoio. -Oush. 
 -Acho que é o contrári.. -Ela foi interrompida por James que entrou de forma desesperada dentro de casa, fechando a porta com tanta rapidez que Laryssa mal conseguiu acompanhar o movimento. -Tudo bem ai? 
 -Sem perguntas! Me ajudem a colocar esses móveis contra a porta, AGORA. -Falou de modo rápido e ao mesmo tempo autoritário, Laryssa e Crawford o olharam assustados e confusos, o que estava dando nele? Os dois esqueceram tudo que tinha de perguntar ao ouvir as batidas fortes na porta, era como se alguém pretendesse derrubar ela, logo se levantaram empurrando o sofá contra a porta. -ISSO NÃO É O SUFICIENTE, COLOQUEM MAIS. 
         As batidas na porta continuavam e dessa vez com mais força, Laryssa se perguntava se James havia se envolvido em algo ilegal e se agora havia enormes caras da máfia italiana ali para mata-los. Era uma ideia assustadora. 
         Com a ajuda de James, Crawford arrastou a enorme estante que havia na sala contra o sofá, mas as batidas continuavam e continuavam, aumentando gradativamente com o tempo, o garoto se perguntava quanto tempo a porta iria aguentar até ceder. 
         James subiu para o andar de cima correndo e logo desceu com coisas que na vista de Crawford eram totalmente inúteis, afinal, se ele não fosse jogar aquele livro enorme nas coisas que tentavam abrir a porta, aquilo não iria servir de nada no momento, mas o livro era tão grosso que Crawford não duvidava que fosse possível matar alguém com ele. 
 -JAMES O QUE PORRA TA ACONTECENDO? -Gritou Laryssa desesperada. James olhou para ela e não respondeu nada, apenas pegou um giz e começou a desenhar um circulo calmamente no chão, como se não houvesse prováveis grandes trogloditas italianos ali para matá-los. Ao terminar o circulo, James se sentou no chão e encarou Laryssa.
 -Entre com os meninos aqui e não saia, leve esse livro e o leia, aqui explicará tudo que você precisa saber. -Laryssa piscou diversas vezes, James só podia estar louco, nada do que ele estava falando fazia sentido. Giz, círculo, livro, nada daquilo fazia sentido, será que ele sabia que ela odiava ler? 
 -EU NÃO VOU ENTRAR NESSE CÍRCULO IDIOTA ATÉ VOCÊ ME DIZER O QUE ESTÁ ACONTECENDO! -Ela gritou. James não a respondeu, estava concentrado demais meditando ou imitando buda, ela não sabia distinguir muito bem a diferença. 
 -JAMES! -Gritou Crawford ao ver a porta cedendo e todos os móveis que a protegiam serem jogados com brutalidade para dentro da sala. Não eram italianos gigantes, mas certamente eram homens muito grandes que achavam que se vestir no estilo Espartano ainda estava na moda, por algum motivo os homens seguravam espadas enormes, lanças, e outros instrumentos de tortura. O círculo que James havia feito no chão estava se transformando em uma espécia de raios azuis saindo do chão. Laryssa piscou várias vezes e encarou Crawford. O que estava acontecendo? Nada daquilo fazia nem um pouco de sentido. 
  James permanecia ainda em sua pose de Buda, mas sua pele estava extremamente pálida e ele suava muito, como se tivesse corrido uma maratona ou algo do tipo, algo dizia a Laryssa que ele estava morrendo. Os homens o olharam de forma ameaçadora. 
 -ENTREGUEM A PRINCESA E VOCÊS NÃO SOFRERAM. -Um dos homens gritou com uma voz assustadoramente grave. Sem pensar duas vezes Laryssa puxou Crawford para dentro do círculo, lá parecia ser o local mais seguro.
 -A pipoca t..-Chris se interrompeu e arregalou os olhos. Ele não havia escutado nada por conta dos fones de ouvido que estavam no máximo. -O QUE TA ACONTECENDO AQUI GENTE? 
-ENTREGUE A PRINCESA OU MORRA MUNDANO. -Os homens estavam cercando o grupo, mas por algum motivo não entrava no circulo, Chris decidiu não ficar de fora e morrer entrando no círculo também. Os três se olhavam absortos. 
        James começou a fazer um barulho estranho e o raios de luz em volta do círculo se intensificaram assim como a expressão cadavérica de James, quando Laryssa percebeu que o círculo havia se fechado e que ele não poderia entrar novamente, ela gritou com toda a força de seus pulmões por ele e o tentou puxar para dentro, mas ao tentar cruzar o limite do círculo foi como se ela tivesse levado um choque, sendo assim lançada para longe.
        Tudo começou a girar, Chris se agarrou em Crawford ainda em choque, enquanto o mesmo tentava andar até Laryssa que se encontrava desacordada no chão, mas não foi possível quando eles começaram a flutuar e a girar com toda a velocidade no ar e serem engolidos pela escuridão. A última coisa que Crawford escultou antes de atingir o solo, foi os gritos desesperados de Chris e o barulho do baque surdo do corpo de Laryssa contra o chão. "
  
         Li e reli as páginas do livro tentando absorver seu conteúdo e comparei-o novamente com a realidade, sim, havia coisas citadas ai que realmente aconteceram, mas não dava para simplesmente aceitar que eu passaria por tantas coisas como dizia o livro, como o destino de todo um povo poderia está nas mãos de um simples anjo sem importância alguma? Não fazia sentindo. 
 -Niall. -Chamou meu irmão Charlie batendo na porta de meu quarto. -Largue esse livro por um estante, temos muita coisa a fazer hoje, a guerra se agravou, o exército de Douglas atacou contra Hostfire, vamos nos encontrar agora com os outros guardiões para decidir o que fazer. Esteja pronto em dois minutos ou não esperaremos por você. 
 Meu cérebro parou de processar o que Charlie falou assim que ele falou de Hostfire, não podia ser. Não, não, não, não, isso não podia está acontecendo, não comigo. Se Hostfire havia caído, isso significava que o conteúdo do livro é verdade e que agora o destino depende do cara mais burro e azarado do mundo, eu.